o rio não se vê. nem faz falta...
vê-se a majestade dos montes sempre quietos e soberanos...
a luz e as sombras duma terra rica e cheia de misérias...
mas assombrosa de beleza...
e a azinheira a tombar-se. a inclinar-se. a debruçar-se para espreitar...
mas não cai...
Esta imagem do Douro, linda como são todas elas, trouxe-me à memória um poema de António Cabral, meu professor e amigo.
ResponderEliminarNem Baco nem meio Baco
Aqui é o homem,
desde as mãos ossudas e calosas,
desde o suor
ao sonho que transpõe as nebulosas.
Montes de pedra dura,
gólgotas
onde os geios são escadas!
Venham ver como sobe o desespero
e a esperança, de mãos dadas.
É o homem.
Isso é o homem.
-Nem sátiro nem fauno-
Uma vontade erguida em rubro gládio
Que ganha a terra, palmo a palmo.
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Nem Baco nem meio Baco!
Aqui é o homem
que nada há que não suporte
mas suporta e persiste.
Aqui é o homem até à morte.