sábado, 30 de abril de 2011

porta II



mais uma vez uma porta
simples e bela.
em Vilartão.
a beleza permanente da simplicidade



e, mais uma vez também, a chave na porta, esquecida...
ou a nossa franqueza trasmontana...
como sempre!



lembrou-me de colocar também e a propósito uns versos do poeta António Sardinha
cantados pelo Frei Hermano da Câmara:


Versos do trinco da porta,
- Louvado seja o Senhor!
A casa é Deus quem a guarda,
Ninguém a guarda melhor!

Batem os pobres à porta,
- Batem com ar de humildade.
"Eu sei que é pouco irmãozinho!
É pouco, mas de vontade!"

Quem é que a porta abriria,
Com modos de atrevimento?
São coisas da miudagem!
Não foi ninguém, - é o vento!

Mexem no trinco da porta.
- "Levante, faça favor!"
A entrada nunca se nega
Seja a visita quem for!

Não vês a porta batendo?
Que aragem essa que corta!
Em toda a volta do dia,
Não pára o trinco da porta!

Trinco da porta caindo
Sobre a partida de alguém...
Oh, quantos vão e não voltam?!
São os que a morte lá tem!

(António Sardinha. In Quando as Nascentes Despertam)

1 comentário:

  1. Caro Padre Jorge,
    belas imagens que ilustram, na perfeição, uma das boas qualidades das gentes transmontanas. Belo Poema!
    abs

    ResponderEliminar