“os
Apóstolos e os Mártires de Cristo que, derramando o seu próprio sangue, deram o
supremo testemunho da fé e da caridade, sempre a Igreja acreditou estarem mais
ligados connosco em Cristo.” Concílio Vaticano II, Constiuição Lumen Gentium,
nº 50
Os mártires são as primeiras e maiores e testemunhas da fé. Com efeito, na
língua grega, a palavra martur, uros (= mártir) designa exactamente
aquele ou aquela que testemunha, que dá o seu testemunho. São portanto
testemunhas credibilizadas de Cristo, pois confirmaram a sua fé em Cristo
ressuscitado com o próprio sangue derramado.
Aqui, porém, as testemunhas
da fé são outras. São testemunhas oculares da fé quotidiana e secular do
povo de Deus, pois ao longo dos séculos, se tivessem olhos, teriam testemunhado
inúmeros gestos e manifestações -mais explícitos ou mais escondidos, mais
oficiais ou mais íntimos- de tantos e tantos ministros e fiéis do povo simples
de Deus.
Assim, desde a iconografia (imagens de santos com a
finalidade da veneração e aclamação em festas, procissões, etc), até aos livros
litúrgicos (os missais para a orientação das celebrações dos mistérios da fé),
passando pelas alfaias litúrgicas (cálices, custódias, turíbulos), as cruzes
processionais que acompanharam, indicando o caminho a tantas gerações de
cristãos, tudo nossa fala da fé em Cristo Salvador, vivida, celebrada,
professada e rezada ao longo dos séculos.
Neste Ano da Fé, os párocos do Arciprestado da Terra Quente
desta Diocese de Vila Real decidiram promover esta exposição de peças de arte
cristã, da fé das nossas paróquias (uma peça por cada paróquia), como forma de
avivar a consciência de que somos herdeiros e depositários da fé dos nossos
antepassados (que, juntamente com ela, nos legaram tão valioso e belo património
de que esta mostra é apenas uma amostra bem modesta) e, simultaneamente, seus
mais fiéis continuadores na responsabilidade que isso nos atribui para o
presente e para o futuro. Além disso, sendo a primeira vez que uma iniciativa
deste género ocorre neste arciprestado (e uma das poucas na própria diocese),
quer fazer olhar de forma valorativa, cuidar e promover –num diálogo necessário,
urgente e permanente da fé com a cultura- a arte das nossas igrejas e capelas,
por vezes tão esquecida, descuidada e desvalorizada.
Somos todos convidados, por conseguinte, a fruir desta
mostra/exposição, como memória do passado, compromisso no presente e abertura
ao futuro, deixando-nos contemplar por estas e tantas outras testemunhas da fé,
na vida com mais sentido que procuramos.
Sem comentários:
Enviar um comentário